Estética do Engenheiro, Arquitectura
Texto crítico as partir da conferência de Pedro Horta, Dr. 11 de Abril de 2012
“Estética do Engenheiro, Arquitectura, duas coisas
coesas, consequentes, a primeira a florescer, a
outra em penoso regredir.”11
As reflexões tecidas sobre o tema da Engenharia e Arquitectura, entre 1921 e 1922 pelo Charles-Edouard Jeanneret-Gris, no seu livro “Vers une Architecture”, parecem ainda actuais, continuando-nos a alertar sobre um problema premente de desconexão disciplinar, cuja resolução poderá permitir que o acto de projectar venha a ser realmente um serviço público. Arquitectura, etimologicamente falando, pode ser interpretada como “arte de construir”, conseguindo alcançar o estatuto de “arte de representar a sociedade”12. Noventa anos após edição do Livro do Le Corbusier, esta ruptura generalizada entre disciplinas continua evidente, marcada por uma ausência de objectivos comuns, por uma falta de leitura holística dos problemas e da realidade. Só ocasionalmente encontramos projectos, neste caso de arquitectura, que carregam um conhecimento mais extenso, mais preocupado em dar resposta a múltiplas questões multi-disciplinares, através da construção de um espaço. Se hoje, de forma mais genérica, os profissionais da construção de “lugares” já assimilaram a necessidade da relação estrita entre as disciplinas da Engenharia civil e Arquitectura, estamos ainda muito longe de podermos olhar a curto prazo para um trabalho pluri-disciplinar, empenhado económico-socialmente na procura de respostas às perguntas que um projecto nos coloca: Qual o papel da Arquitectura no projecto “global?”.
A Engenharia ligada à energia está, hoje, em pleno florescimento, pois está apoiada por um mercado “eticamente correcto”, que ao carregar o fardo de salvador da humanidade, menos acusa a recessão. De facto, movida estrategicamente pela Economia Global, tem vindo a construir estratégias de implementação no território, de forma autónoma e as vezes autista. Na realidade, pouco importa imputar responsabilidades sobre este isolamento que reforça o vazio de conteúdos da “arquitectura” (ou edificação genérica). Hoje, interessa começar a entender a necessidade de aceitar esta obrigação e até de re-pensar em grande escala sobre o seu ensino. Parece na realidade possível aplicarmos a leitura do Nikos A. Salingaros sobre arquitectura e o paralelismo evidente na definição de arquitectura como “Anti-Vitruviana”.13
Os três pilares milenares da arquitectura (utilitas, firmitas, vetustas) parecem não conseguir estar presentes unitariamente nos projectos e muito menos nos edifícios construídos.
Tendo em conta que a Arquitectura define-se etimologicamente como “arte de construir” (arte de construir o habitat humano, começa na construção do lar, em que o fogo é a sua energia propulsora) poderemos constatar o conhecimento superficial que os profissionais têm sobre as actuais estratégias energéticas. Entre sistemas passivos, que outrora eram bases de reflexão e re-invenção de uma arquitectura erudita, e os sistemas activos, que a tecnologia actual nos proporciona, temos muita informação para reinventar a nossa profissão. Re-apropriar-mo-nos destes conhecimentos sem ter receio de quanto estes poderão afectar o resultado, será talvez a única forma de re-qualificar uma profissão “arbitrária”
A capacidade de regeneração da arquitectura através da sua leitura crítica no âmbito humanísticos e a natural facilidade de apropriação das novas tecnologias, ambas para melhor transformar e construir o espaço, é o engenho desta disciplina. Uma Arquitectura integrada, resultado também de um trabalho científico, pluri-disciplinar. Julgo ser este o caminho.
As reflexões tecidas sobre o tema da Engenharia e Arquitectura, entre 1921 e 1922 pelo Charles-Edouard Jeanneret-Gris, no seu livro “Vers une Architecture”, parecem ainda actuais, continuando-nos a alertar sobre um problema premente de desconexão disciplinar, cuja resolução poderá permitir que o acto de projectar venha a ser realmente um serviço público. Arquitectura, etimologicamente falando, pode ser interpretada como “arte de construir”, conseguindo alcançar o estatuto de “arte de representar a sociedade”12. Noventa anos após edição do Livro do Le Corbusier, esta ruptura generalizada entre disciplinas continua evidente, marcada por uma ausência de objectivos comuns, por uma falta de leitura holística dos problemas e da realidade. Só ocasionalmente encontramos projectos, neste caso de arquitectura, que carregam um conhecimento mais extenso, mais preocupado em dar resposta a múltiplas questões multi-disciplinares, através da construção de um espaço. Se hoje, de forma mais genérica, os profissionais da construção de “lugares” já assimilaram a necessidade da relação estrita entre as disciplinas da Engenharia civil e Arquitectura, estamos ainda muito longe de podermos olhar a curto prazo para um trabalho pluri-disciplinar, empenhado económico-socialmente na procura de respostas às perguntas que um projecto nos coloca: Qual o papel da Arquitectura no projecto “global?”.
A Engenharia ligada à energia está, hoje, em pleno florescimento, pois está apoiada por um mercado “eticamente correcto”, que ao carregar o fardo de salvador da humanidade, menos acusa a recessão. De facto, movida estrategicamente pela Economia Global, tem vindo a construir estratégias de implementação no território, de forma autónoma e as vezes autista. Na realidade, pouco importa imputar responsabilidades sobre este isolamento que reforça o vazio de conteúdos da “arquitectura” (ou edificação genérica). Hoje, interessa começar a entender a necessidade de aceitar esta obrigação e até de re-pensar em grande escala sobre o seu ensino. Parece na realidade possível aplicarmos a leitura do Nikos A. Salingaros sobre arquitectura e o paralelismo evidente na definição de arquitectura como “Anti-Vitruviana”.13
Os três pilares milenares da arquitectura (utilitas, firmitas, vetustas) parecem não conseguir estar presentes unitariamente nos projectos e muito menos nos edifícios construídos.
Tendo em conta que a Arquitectura define-se etimologicamente como “arte de construir” (arte de construir o habitat humano, começa na construção do lar, em que o fogo é a sua energia propulsora) poderemos constatar o conhecimento superficial que os profissionais têm sobre as actuais estratégias energéticas. Entre sistemas passivos, que outrora eram bases de reflexão e re-invenção de uma arquitectura erudita, e os sistemas activos, que a tecnologia actual nos proporciona, temos muita informação para reinventar a nossa profissão. Re-apropriar-mo-nos destes conhecimentos sem ter receio de quanto estes poderão afectar o resultado, será talvez a única forma de re-qualificar uma profissão “arbitrária”
A capacidade de regeneração da arquitectura através da sua leitura crítica no âmbito humanísticos e a natural facilidade de apropriação das novas tecnologias, ambas para melhor transformar e construir o espaço, é o engenho desta disciplina. Uma Arquitectura integrada, resultado também de um trabalho científico, pluri-disciplinar. Julgo ser este o caminho.
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10 LE CORBUSIER, Verso una Architettura, ed Longanesi & C, Milano, 1984. Trad. Pierluigi Cerri e Pierluigi Nicolin. Trad. Livre para Português
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11 Ibidem 1
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12 PIANO Renzo, conferência
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